Quando Nietzsche Chorou - Irvin D. Yalom

O livro conta o desenrolar de um tratamento pactuado entre o paciente Nietzsche e o médico Breuer. Os encontros são marcados por conversas e questionamentos, na tentativa de se libertarem das amarras da vida. A história é marcada pela presença de mulheres sedutoras que de alguma forma influenciavam a vida desses homens.
É interessante sentir-se presente no nascimento da psicanálise e perceber a sua evolução através dos tempos.
Vale registrar palavras de Nietzsche: Tornar-te quem tu és? Significa não apenas aperfeiçoar a si mesmo, mas também não cair presa dos desígnios traçados por outrem para você.
Pode investir seu tempo na leitura!

Centenário Rachel de Queiroz

Telha de Vidro

Quando a moça da cidade chegou
veio morar na fazenda,
na casa velha...
Tão velha!
Quem fez aquela casa foi o bisavô...
Deram-lhe para dormir a camarinha,
uma alcova sem luzes, tão escura!
mergulhada na tristura
de sua treva e de sua única portinha...

A moça não disse nada,
mas mandou buscar na cidade
uma telha de vidro...
Queria que ficasse iluminada
sua camarinha sem claridade...

Agora,
o quarto onde ela mora
é o quarto mais alegre da fazenda,
tão claro que, ao meio dia, aparece uma
renda de arabesco de sol nos ladrilhos
vermelhos,
que — coitados — tão velhos
só hoje é que conhecem a luz doa dia...
A luz branca e fria
também se mete às vezes pelo clarão
da telha milagrosa...
Ou alguma estrela audaciosa
careteia
no espelho onde a moça se penteia.

Que linda camarinha! Era tão feia!
— Você me disse um dia
que sua vida era toda escuridão
cinzenta,
fria,
sem um luar, sem um clarão...
Por que você na experimenta?
A moça foi tão vem sucedida...
Ponha uma telha de vidro em sua vida!


Rachel de Queiroz nasceu em 17 de novembro de 1910, em Fortaleza. Antes de completar vinte anos, em 1930, publicou “O Quinze”, seu primeiro romance. Publicou os romances “João Miguel”, “Caminho de Pedras”, “As Três Marias”, “Dora, Doralina” e o “Memorial de Maria Moura”.
Rachel de Queiroz foi a primeira escritora a integrar a Academia Brasileira de Letras, em 1977. Faleceu no Rio de Janeiro em novembro de 2003.